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Como Estrelas Na Terra: uma lição de tolerância e inclusão



Podemos ampliar a afirmativa deste professor pra além da questão maturacional da criança, pois elementos como cultura, estímulos, história de vida, relações sociais, desenvolvimento emocional e da personalidade, ou seja, fatores internos psicobiológicos e fatores externos socioculturais também influenciam na aprendizagem do indivíduo. Na concepção histórico-cultural, cujo teórico principal é Vygotsky, é que vamos encontrar essa visão mais ampla de desenvolvimento e aprendizagem, por isso a escolha dessa abordagem para fundamentação de nossa análise.


Quando trata de aprendizagem, essa abordagem deixa claro que a questão da maturidade ou desenvolvimento não são as mais importantes para a aprendizagem, mesmo assim não nega a sua influencia como podemos ver na fala de Vygotsky; Luria e Leontiev (2001, p. 111):




Como Estrelas Na Terra



É uma comprovação empírica, frequentemente verificada e indiscutível, que a aprendizagem deve ser coerente com o nível de desenvolvimento da criança. Não é necessário, absolutamente, proceder a provas para demonstrar que só em determinada idade pode-se começar a ensinar a gramática, que só em determinada idade o aluno é capaz de entender álgebra. Portanto, podemos tomar tranquilamente como ponto de partida o fato fundamental e incontestável de que existe uma relação entre determinado nível de desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem.


Ao estudar os processos das funções superiores nas crianças, chegamos a uma conclusão que nos surpreendeu. Toda forma superior de comportamento aparece em cena duas vezes durante o desenvolvimento: primeiro, como a forma coletiva do mesmo, como forma interpsicológica, como um procedimento externo do comportamento... depois, como forma individual, como forma intrapsicológica e interna. (VYGOTSKY, In GARCÍA, 1998, p. 120)


O comportamento, nessa concepção possui de fato uma base genética, mas esta estava restrita aos processos inferiores como instintos e condicionamentos. Quanto aos processos superiores, segundo Veer & Valsiner (2001), estes se desenvolvem na história humana, no domínio de vários meios ou instrumentos culturais, sendo a fala um dos mais importantes, e tem que ser dominados de novo por cada criança humana em um processo de interação social.


Fonseca (2009) ao desenvolver a Avaliação Psicopedagógica Dinâmica também parte deste pressuposto. Em sua prática psicopedagógica utiliza estratégias de mediação, tendo como finalidade prioritária, não a medição, mas a produção de mudanças no potencial de aprendizagem e adaptação do sujeito aprendente.


Maslow (1984) fala que além das influencias orgânicas, a aprendizagem pode sofrer alterações por inúmeros fatores sociais e econômicos. Para ele (p. 23) não são apenas as crianças de classe social de baixa renda que sofrem com sentimentos de inferioridade, desamparo e dificuldades em sala de aula. As crianças de classes sociais com mais vantagens podem sofrer devido a demasiada pressão que seus pais lhe submetem para que realizem e se sobressaiam academicamente, como vemos no caso retratado por Ishaan. Enfim qualquer criança pode enfrentar uma tragédia familiar, pode sofrer com o bullyng e outros fatores que lhe afetarão e agirão sobre seu modo de enfrentamento, sua personalidade, sua autoestima e autoeficácia.


Sendo assim, não podemos olhar para a criança inserida em um ambiente escolar como desprovida de uma história de vida, de uma cultura, de uma crença religiosa, de preferências, de uma genética, de experiências anteriores, positivas e/ou negativas de aprendizagem. Ela é um ser complexo e tudo isso que pode influenciar em seu desenvolvimento e aprendizagem.


Para Sisto (2007, p. 33) o termo Dificuldade de Aprendizagem pode ser entendido como um grupo heterogêneo de transtornos que podem manifestar-se por atrasos ou dificuldades na leitura, escrita, soletração e cálculo, em indivíduos com inteligência potencialmente normal ou superior e sem deficiências visuais, auditivas, motoras ou desvantagens culturais. Estes atrasos ou dificuldades geralmente não ocorreram em todas as áreas de uma só vez e podem estar relacionado a problemas de comunicação, atenção, memória, raciocínio, coordenação, adaptação social e problemas emocionais.


Assumo, no entanto, a partir de uma perspectiva histórico-cultural, que a qualidade dos vínculos, definida na interação com o outro, influencia a produção de sentidos e dela dependem as possibilidades de aprendizagem constituídas e constitutivas do modo como o sujeito usa sua rede interna nas relações, a partir das condições concretas de produção de vida. A crise nas relações intersubjetivas, no espaço escolar, se situa precisamente nas condições concretas de produção de sentidos. Isto, no meu entender, ressalta a importância da inter-relação que envolve o conhecimento e os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem.


Quanto aos já citados e aos outros fatores que podem levar uma criança a apresentar dificuldades de aprendizagem, podemos citar, segundo Oliveira (1997, p. 117 e 118) como mais frequentes, as seguintes causas:


BRAIDOTTI, Valéria. O aluno com baixo rendimento escolar na inter-relação professor-aluno-conhecimento: A crise nas relações intersubjetivas. In: MIOTELLO, V. A arte de consertar locomotivas velhas e o mundo: discursos e palavras sobre crise. São Carlos: Pedro & João Editores, p. 147-160. 2009.


A obra apresenta o recorte da vida de um aluno com dislexia, suas dificuldades, seu contexto familiar, mas também é uma profunda crítica aos sistemas educacionais e encaminhamentos escolares dados a problemas de aprendizagem. O trabalho é o resultado do esforço do elenco formado por Aamir Khan (Ram Shankar Nikumbh), Darsheel Safary (Ishaan Awasthi), Tanay Chheda (Rajan Damodaran), Alorika Chatterjee (professor de Ciências), Aniket Engineer (Yohan Awasthi) e outros. Esse filme é classificado como drama, foi realizado na Índia no ano de 2007 e possui 140 minutos de duração.


Entende-se como autor todo aquele que tenha efetivamente participado da concepção do estudo, do desenvolvimento da parte experimental, da análise e interpretação dos dados e da redação final. Recomenda-se não ultrapassar o número total de quatro autores. Caso a quantidade de autores seja maior do que essa, deve-se informar ao editor responsável o grau de participação de cada um. Em caso de dúvida sobre a compatibilidade entre o número de autores e os resultados apresentados, a Comissão Editorial reserva-se o direito de questionar as participações e de recusar a submissão se assim julgar pertinente.


O artigo aborda teorias e políticas educacionais com ênfase nos temas das Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), da Educação Especial e da Educação Inclusiva, e apresenta uma análise de conteúdo do filme indiano Como Estrelas na Terra: Toda Criança é Especial (2007); com o qual foram estabelecidas interlocuções com as referidas temáticas, de modo a perceber como estas se fazem presentes ao longo da narrativa apresentada pela obra cinematográfica. Definiu-se a questão central sobre como os alunos com AH/SD podem ser inseridos e atendidos no contexto escolar. Para tal, partiu-se da hipótese do papel eminente da Educação Inclusiva como preceito de conscientização e de conduta da comunidade escolar, incluindo nesta todos os integrantes da escola e da família, no processo de formação crítica e para o exercício da cidadania. O filme ilustra a história de Ishaan, um menino de nove anos que apresenta dificuldades de aprendizagem e é levado pelo pai para um internato como forma de punição e oferta de educação rígida. O professor de artes, Nikumbh, ao perceber que o Ishaan apresentava dislexia, fica sensibilizado e resolve acolhê-lo. Ele reconhece suas potencialidades e colabora para amplificá-las, sendo fundamental para o desenvolvimento social e acadêmico do Ishaan. A dislexia não é colocada no cerne da discussão trazida no trabalho, uma vez que se optou por explorar o contexto das AH/SD sugerida na narrativa do filme. Após a apresentação das temáticas e das suas relações com a obra cinematográfica, foi possível reafirmar a importância da atuação da escola junto ao núcleo familiar, em meio aos desafios para o cumprimento de sua função social de uma formação cidadã com a percepção das singularidades e o reconhecimento das potencialidades para despertar as aptidões dos alunos dentro da perspectiva da Educação Inclusiva.


Ele chama a atenção para alguns dilemas da docência e nos desafia para a mudança de atitude. O filme mostra aquilo que é óbvio mas que esquecido por muitos: cada ser humano evolui em seu tempo e por isso a educação deveria ser cada vez mais individualizada (customizada). Muitos professores gostam de dar aulas para os melhores alunos. Aqueles que são exemplares. E muitas vezes rejeitam ou ignoram os alunos com dificuldades. Mas são estes estudantes que precisam mais de nossa atenção como docente.


Já presenciei discussões na sala de professores onde docentes falavam mal dos estudantes de determinadas turmas acusando-os de mal saberem ler e escrever. Em uma escola pública que defende a inclusão nunca entendi essa abordagem como sendo ética. Os institutos federais foram construídos em periferias e em cidades do interior exatamente para promover o desenvolvimento das pessoas e não para reforçar as desigualdades e dizer para os jovens que eles são incompetentes. Conheci alguns docentes que ingressaram nos institutos querendo fazer apenas pesquisa. Provavelmente não entenderam o papel e as finalidades dos institutos. Devemos ter o ensino como carro-chefe e toda pesquisa e extensão deve envolver os estudantes, contribuindo para o processo de ensino-aprendizagem. É a famosa unicidade do ensino-pesquisa-extensão. 2ff7e9595c


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